quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

O Natal e uma mulher bonita e perfumada que se esqueceu de viver


O Natal chegou à cidade! Veio enfeitado de luzes às cores que não param de piscar, de Pais Natais que insistem em subir as paredes das casas, de árvores de Natal gigantescas. O Natal chegou à cidade e trouxe a confusão total.



As ruas mostram-se em tons de verde, azul e encarnado, mostram-se agitadas por uma população que, com o tempo, aprendeu que andar depressa não chega, é preciso correr para comprar as melhores coisas, aos melhores preços. E se já não houver aquilo que se pretendia comprar, então azar, dá-se mais dez euros para compensar o facto de não oferecer à pessoa querida aquele exacto perfume, aquela exact
a boneca e não ficarmos mal vistos.


E o stress instala-se em cada um de nós, porque o tempo não pára e é preciso ter tudo pronto, a tempo e a horas para que no dia vinte e quatro de Dezembro a mesa esteja posta, a árvore de Natal esteja cheia de embrulhos que reservam as melhores surpresas para cada um. Não há tempo para pensar, não há tempo para sentir porque o tempo, esse deus dos dias de hoje, não nos deixa relaxar.


Passear nas ruas do Porto deixa de ser possível a partir do momento em que o Natal se instala. É preciso fugir à confusão e se quisermos tomar um café, então que o tomemos em casa porque os cafés estão lotados. E quando árvores gigantes se erguem no meio da avenida mais conhecida da cidade, mostrando-se imponentes, dando a sensação que estão em confronto directo com os próprios monumentos que ali já criaram raízes, então senhores utentes, esqueçam os sábados e os domingos na baixa do Porto, porque tão cedo não conseguirão sair de lá.


O Natal chegou à cidade, mas foi recebido com a superficialidade dos dias de hoje. Que o diga a Torre dos Clérigos que agora é vista em todos os cantos da cidade, não por ser a torre mais alta mas porque o Natal se encarregou de a enfeitar de maneira a não passar despercebida. A sobriedade da Torre passou a ser substituída por aquilo a que os próprios habitantes chamam de «discoteca aberrante».


Tenho pena do Natal. O Natal deixou de ser o nascimento de Jesus, deixou de ser a época das histórias e lendas do Pai Natal, deixou de ser o pretexto da entreajuda entre os homens. O Natal é uma mulher bonita, perfumada, que insiste em ser a melhor anfitriã, ter a melhor mesa de jantar, ter as melhores ofertas. Uma mulher lindíssima que se esqueceu que sentir e viver é o mais importante da vida.




Um comentário:

Joana Quaresma disse...

"Uma mulher lindíssima que se esqueceu que sentir e viver é o mais importante da vida."

É uma boa definição do Natal e um bom motivo para o facto de eu nao gostar desta época!

Mas adorei o teu blog =D
Continua a postar que eu agora venho ca cuscar =D

Joana Quaresma (conchinhas*)